quinta-feira, 5 de julho de 2012

REENCONTRO COM O VELHO FORD 29


Ainda sosbre a viajem ao Chile.
No retorno ao Rio de Janeiro, aproveitamos para rever um velho conhecido meu, o FORD 29 que era do meu pai nos tempos da LINHA PONTES FILHO, onde nasci e que fazia parte do distrito de LANGUIRU, que por sua vez pertencia ao município de ESTRELA. Hoje LANGUIRU virou bairro de TEUTÔNIA.
Bem, partimos de Canela numa linda manhã de sol, mas já bastante frio, no início da 2° quinzena de maio rumo a Florianópolis, com a intenção de permanecer lá alguns dias para conhecer melhor a ilha, onde já tinhamos estado anteriormente mas sempre com pouco tempo. Chegamos cedo, nos instalamos no IBIS, num quarto com uma vista muito linda para a ponte Hercílio Luz. Depois de alguns telefonemas, estava com a agenda cheia para o dia seguinte.A prioridade, é claro, era o Ford 29, que havia pertencido a meu pai por 18 anos, lá no interior de Estrela. Ele fora vendido no inicio dos anos 60, quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, para um conhecido do pai lá mesmo em Languiru.     No início do ano, numa visita a Pontes Filho e adjacencias, numa conversa com o primo Lauro Tieggemann sobre assuntos de antigamente, como família e carros (de boi, de corrida , rolimã, passseio, etc), ele  mencionou que achava  que o velho 29 ainda existia. Ora, ora que notícia maravilhosa para um fã de museus e exposições de carros antigos. Encontrar um Ford 29 ainda em condições de uso e que havia sido do meu pai e que me remetia a tantas boas lembranças dos tempos de guri, confesso que me bateu uma certa ansiedade. O Lauro, grande pesquisador (ele inclusive administra a árvore genealógica de um ramo de nossa família), disse-me naquele seu peculiar sotaque alemão: "Vou dar uma pesquisada e qualquer coisa te ligo". Dito e feito. Uma semana depois me ligou e disse: "Achei o carro, tá em Florianópolis.O atual dono é um pequeno colecionador, médico portoalegrense, vizinho do Décio Michel".
Escutei aquilo mas não entendi muito bem, e fazendo conta de idades perguntei: "Décio Michel?
Aquele piloto de corridas aí de Languiru? Que corria de moto na época dos circuitos de rua?              E que depois foi correr de carro em Tarumã e fez história pela  quantidade  de vitórias?" Tratava-se do próprio. Ele foi o precursor dos esportes sobre rodas lá da nossa região.
Eu não cheguei a vê-lo correr, mas o Clóvis (meu irmão mais velho) e amigos que viram me disseram que ele era fera. Principalmente nas corridas de moto e na época dos circuitos de rua. Ele usava motos BMW. Depois passou a participar das corridas de carro e, entre outras tantas vitórias, foi vencedor da  prova inaugural do autódromo de Tarumã, aí já de Corcel preparado para corridas.
Conforme combinado no dia anterior, minha mulher Sonia e eu fomos logo cedo para a casa dos Michel. Convidamos para nos acompanhar o primo Jasper e a esposa Vera. Jasper ficou muito contente com a notícia pois tambem é morador de Floripa, quase vizinho deles e testemunha ocular de  vitórias do Décio. Mas não tinha a menor idéia que moravam tão próximos. Fomos tão bem recebidos, de forma carinhosa e gentil,  que o mínimo que posso fazer em agradecimento aos Michel é anexar duas fotos de motos idênticas as usadas por ele.

                                      


BMW R25 250CC 1951









BMW R60 600CC 1965                                      


    

 

BMW R1200RT 1200CC 2010




Vejam só que coincidencia curiosa:
A foto com a R 25 foi tirada numa revenda BMW em Miami dois anos atras.
E a foto com a R 60, no início deste ano numa revenda de Santiago do Chile.
Portanto, muito antes de encontrar com o Décio e ficar sabendo que são exatamente os modelos com os quais ele correu. E tantas vitórias lhe deram.
Bom aí eu pensei o seguinte: das duas uma, o cara é bom de braço ou a marca alemã é muito boa mesmo,rsrsrs. Na foto acima, ele está experimentando a minha moto, que é um pouco mais atual do que as que ele usava. Mas ele achou que de parecido mesmo só o ronco.

Aos amigos ex colegas de VARIG que prometi visitar, peço desculpas, fica para a próxima.
Tivemos que antecipar nossa saida de Florípa para fugir da chuva que se anunciava para os dias seguintes e soubemos depois que acertamos no planejamento. Conseguimos escapar da chuva que caiu em quase toda região Sudeste, e seguimos até o Rio com tempo seco.
Mesmo assim, a chegada em São Paulo foi bastante complicada. Os trinta e poucos quilometros da Serra do Cafezal ainda em pista simples foram na base do anda e para. Pensei ser devido a algum grande acidente, ou que finalmente estariam duplicando este que é o pior trecho entre Curitiba e São Paulo. Mas que nada.  Acreditem, era uma simples colocação de canaleta na lateral da pista sendo construida num trabalho moroso por quatro operarios na base da colher de pedreiro, carrinho de mão, regador e outros apetrechos completamente rudimentares e ocupando meia pista,obrigando aquelas carretas pesadíssimas a se arrastar serra acima.










 

 

Bom, chegamos ao Rio de Janeiro dois dias depois com boas e bonitas histórias para contar,das quais algumas eu resumi nessas três postagens.
Quanto a nossa fiel companheira de estrada, levei logo em seguida para a revisão dos 20.000km e para uma boa faxina. Agora ela está descansando na sua vaga na garagem pronta para outra.

                                         

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Complemento da viagem Canela-Valparaiso-Canela

                                   



                                                                                                                                O documento acima, parecido com uma cédula, é o  que se recebe na imigração chilena referente ao veículo (no caso, a moto), com a recomendação de não perder, pois tem que ser apresentado na saída.

Não posso deixar de comentar dois detalhes que aprendi durante tantos anos de aviação viajando para o exterior e que foram úteis agora. Simples, mas de suma importância quando você tem que atravessar fronteiras: uma CANETA, que fez uma diferença enorme  nas longas filas de imigração e alfândega, para o preenchimento de documentos. Se quiser fazer sucesso na fila, leve uma caneta sobressalente para emprestar. O outro foi a digitalição de todos os documentos (deixei-os arquivados numa pasta de e.mails), para o caso de extravio dos originais, mas que felizmente não se fez necessário.

domingo, 27 de maio de 2012



DO ATLÂNTICO AO PACÍFICO SOBRE DUAS RODAS

Delmar e Sonia

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRECHO CANELA-VALPARAÍSO-CANELA

Nossa viagem teve início na linda manhã de 6 de março, em Canela (RS), depois de semanas de pesquisa sobre a melhor rota. A escolhida não foi a mais curta, mas a que oferecia boa infraestrutura de estrada, postos de abastecimento e cidades próximas, já que estávamos apenas eu e minha mulher (na garupa) - os dois parceiros que também iriam desistiram na última hora. Já que estávamos sozinhos, traçamos um roteiro que também nos permitisse visitar amigos que fizemos em outros viagens, principalmente no Uruguai. Mas as alternativas de trajetos não são muito diferentes da que fizemos. A moto usada foi uma BMW RT 1200.

Para os que ainda não foram mas pretendem ir, algumas considerações:

ESTRADAS/PNEUS - Dos quase 6 mil kms percorridos, só pegamos uns 30 kms de estrada ruim, próximo a Federal (Argentina). O restante é só estradão. Inclusive no trecho entre Villa Mercedes e Mendoza (AR) a estrada é perfeita para abrir o gás. Mas nos dias que lá passamos (tanto na ida quanto na volta), o vento lateral (ou de través, como se diz na aviação) era tão forte que tive que andar quase 300 km com a moto tão inclinada que desgastou a lateral dos pneus e tive que trocá-los na volta. É bom lembrar que a moto estava com o peso máximo e o asfalto era abrasivo, fatos que também contribuíram para o desgaste dos pneus. Os originais eram Metzeler, muito fortes, mas duros. E como tive dificuldade para encontrar os originais, troquei-os pelos Michelin Pilot 3, que me surpreenderam favoravelmente. Consigo rodar com eles com a calibragem máxima sentindo a moto muito mais firme e macia do que com os anteriores, nos quais eu usava duas libras a menos por serem muito duros.

POLÍCIA/IMIGRAÇÃO - Tudo absolutamente dentro da normalidade. Fomos parados várias vezes na Argentina e nenhuma vez no Chile ou no Uruguai. Mas como procurei andar sempre dentro dos limites de velocidade e com a documentação em ordem, não tive nenhum problema. No Chile, a estrada Viña del Mar-Santiago é uma auto-estrada com limite de 130 km, onde finalmente pude sentir a máquina no seu mais legítimo habitat e usar o controle de velocidade. Detalhe importante: a Carta Verde (seguro contra terceiros), mesmo não sendo exigida na imigração, na estrada é o primeiro documento solicitado pela polícia. Ela está sendo exigida desde o ano passado para motos (para carros já é obrigatória há alguns anos) e pode ser feita em qualquer corretora de seguros, ao custo de R$ 146 por 20 dias. Mas para entrar e sair do Chile é preciso uma boa dose de paciência com a imigração. Nada demais para quem já está maravilhado com o visual simplesmente fantástico da Cordilheira dos Andes e com a aventura da viagem.  Tínhamos a informação de que todas as bagagens eram revistadas, o que constatamos ser verdade. Mas quando chegou nossa vez, acho que o policial se surpreendeu ao se deparar com dois coroas e nos despachou sem mandar abrir os baús - só deu uma olhada superficial na mala de tanque.

COMBUSTÍVEL/POSTOS DE ABASTECIMENTO - Deu para perceber claramente que a gasolina dos três países é muito melhor do que a nossa pelo desempenho da moto - tanto ao ligá-la, quando ainda fria, quanto pela quilometragem por litro. Cheguei a fazer 22km com um litro, sendo que o usual para essa moto aqui no Braasil é algo entre 17 e 18.  Chamou a atenção a escassez de postos nas estradas. E postos bons, só nas grandes cidades. O acesso a praticamente todos os postos da Argentina e do Uruguai é bem rudimentar, sem asfalto. Mas todos onde paramos têm boas lojas de conveniência e wi-fi grátis.

HOTÉIS - Decidimos viajar sem fazer reserva em hotéis. Queríamos quartos limpos e estacionamento. Lógico que nem tudo saiu perfeito, como em Villa Mercedes (Argentina), cidade turística, mas onde chegamos já anoitecendo (o vento atrasou nossa viagem) e aceitamos a primeira opção sugerida pelo GPS. Ficamos no Hotel Parque, com fachada e jardins muitos bonitos, além de estacionamento maravilhoso. Mas o quarto e o café da manhã, melhor esquecer. Para se ter idéia, o travesseiro era único (tinha quase dois metros de comprimento) e o acionamento do ar condicionado era feito fora do quarto. O importante é que era limpo. Em média, ficamos em hotéis na faixa de US$ 100, com café da manhã. Merecem indicação positiva o Hotel Mendoza (US$ 105 a diária), em Mendoza, super-bem localizado, junto aos principais points da cidade e com estacionamento. É meio antigo, como quase tudo na cidade, mas com bom restaurante (com visual lindíssimo da cordilheira), sauna e banheiras de hidromassagem para relaxar depois de tanto tempo sentado na moto. Em Rosário (Argentina), ficamos no Holliday Inn Express, que também dá para recomendar. É novo e segue o padrão da rede, mas não serve refeições, só café da manhã e lanches. Em Viña del Mar, ficamos no Cerro Castillo. Foi o melhor custo/benefício da viagem. Quarto super-confortável, atendimento pelo próprio dono, muito simpático. Fica localizado numa rua fora do burburinho, mas distante menos de um quilômetro do cassino e de bons restaurantes. Preço: US$ 77.

PERCURSO
Ida
Canela/Alegrete (RS) - 610 kms (via Canoas, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Rosário do Sul)

Alegrete/Santa Fé (Argentina) - 618 kms (via Uruguaiana, Paso de los Libres, Federal e Parana)

Santa Fé/Villa Mercedes (Argentina) - 671 kms

Villa Mercedes/Mendoza - 355 kms

Mendoza/Valparaíso (Chile) - 417 kms (via Los Andes e Viña del Mar)

Volta
Viña del Mar/Mendoza - 504 kms (via Santiago)

Mendoza/Rio Quarto (Argentina) - 512 kms

Rio Quarto/Rosário (Argentina ) - 392 kms

Rosário/Colonia del Sacramento (Uruguai) - 553 kms (via Gualeguaichú e Fray Bentos)

Colonia del Sacramento/Melo (Uruguai) - 614 kms (via Montevidéu e Treinta y Tres)

Melo/Canela - 600 kms (via Jaguarão e São Lourenço do Sul)

Total - 5.846 kms

Atravessar a Cordilheira dos Andes não é nenhum "bicho de sete cabeças", como muitos apregoam. A viagem pode, inclusive, ser feita em qualquer tipo de veículo. Fazer longas viagens pelo território brasileiro é certamente mais arriscado e perigoso, em todos os sentidos. Já estamos programando viagem para Bariloche no fim do ano ou início de 2013. Estamos aceitando parceria, mas de pessoas animadas, com disposição.